Friday, June 8, 2012

Hoje, nas margens do Tejo

Hoje, nas margens do Tejo, o azul do céu e o esverdeado do rio uniram-se num só. Hoje, nas margens do Tejo, foi-me difícil distinguir os contornos daquela tela, perceber onde começava e acabava tal obra. Talvez não acabasse. Talvez não começasse. Ou talvez hoje não me importasse perceber onde estava o início e o fim. Hoje, nas margens do Tejo, fui turista no meu próprio lar. O normal, hoje, nas margens do Tejo, foi ver pessoas de cabelos claros e pele branca a dialogar em línguas estrangeiras. Hoje, era como se o Tejo fosse deles. Eu era um mero peão no mundo deles, no rio deles. Era eu a turista. Era eu a de pele e cabelos escuros que falava uma língua estrangeira. Hoje, nas margens do Tejo, fui só eu. Só eu e a minha bicicleta. Hoje, nas margens do Tejo, fui só eu, a minha bicicleta e todas as outras pessoas por quem cruzei. Vi-lhes os rostos, decorei-lhes as expressões, adivinhei-lhes os sentimentos, inventei-lhes histórias. Hoje, nas margens do Tejo, fui só eu, a minha bicicleta e a minha imaginação. Hoje, nas margens do Tejo, estive em harmonia com o rio. Em harmonia com a natureza. Em harmonia comigo. Hoje, nas margens do Tejo, fui feliz. 

2 comments:

Joana said...

adoro ter esses momentos :) e adoro a tua escrita *

http://2.bp.blogspot.com/-fUQ8fbl2110/Tqbs8_cB2cI/AAAAAAAAANs/iPfGlBcSoWg/s1600/livro+aberto.jpg said...

Era um galopar alienado aquele, que com que as rodas consumia a terra e as ervas secas. Seguia um trilho escolhido a cada instante e deixava para trás o perfume dos fios dos seus cabelos, lavados pela manhã. Era mais do que o aproveitar da liberdade de infância, era na verdade construir um momento e consumi-lo de imediato.

Era a Joana.