Sunday, January 15, 2012

Menina Anabela, estão aqui dez tostões

Hoje ao almoço a dona Paula pôs-se a contar histórias do seu tempo de mocidade - não posso simplesmente dizer histórias do seu tempo, ponto, ou corro o risco de ser deserdada com a lenga-lenga do "o meu tempo? mas o que é isso, o meu tempo? que eu saiba o meu tempo também é agora..!" e tem ela nada mais que razão, mas isso são outros assuntos que para aqui não interessam. Assim como também não interessa a origem da palavra "lenga-lenga", que muito gostava eu de saber. Mas como dizia, hoje ao almoço a dona Paula começou a contar histórias do seu tempo de mocidade, desde o liceu até à faculdade. Histórias que, não fosse ela minha mãe e não soubesse eu portanto que tais histórias já se passaram há uma catrafada de anos, tanto podiam ser histórias dela, como minhas, como de uma adolescente sete anos mais nova que eu. Tenho a sensação de que a única coisa que mudava era a unidade monetária, que passou de tostões a escudos, e de escudos a euros. E vamos lá a ver se não passa de euros a escudos novamente. Mas também, novamente, são assuntos que para aqui pouco interessam. Gostei sim, de ouvi-la contar as suas peripécias, as suas memórias e sorri quando percebi que há coisas que são intemporais. E o tempo escolar é uma delas. Seja hoje ou há mais de trinta anos atrás, lá estão os queixumes dos alunos revoltados com os professores, as sensações de injustiça, os colegas trapaceiros, os colegas baldas, os colegas estudiosos, as colegas que vestem escandalosas mini-saias e tops minúsculos, os colegas inteligentes, os colegas - coitadinhos - burros que nem um porta. É, todo o tipo de pessoas se encontra e toda a "vida estudante" é partilhada, tanto hoje como ontem, e muito provavelmente também como amanhã. Ah, e já agora, "menina Anabela, estão aqui dez tostões.

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