As tuas impressões digitais perseguem-me em todo o lado; estão cravadas nas linhas do meu rosto. As tuas pegadas estão em cada passo que dou e a tua voz está em cada música que oiço. O teu toque está em tudo; está cravado nas minhas raízes e está enraizado no meu ser. E num retrato da vida, lá estão elas, as tuas impressões. Num segundo de vida que guardei numa imagem, lá estás tu, imóvel. E nessa mesma imagem lá está o meu segundo de vida perdido.
Mas o que é, afinal, real? O que sou eu, para além deste reflexo? Quem de nós é real? Eu, ou tu? O que é a realidade senão aquilo que conseguimos imaginar? Na minha realidade existe amor, amizade, esforço, cansaço. E na tua? Será que pertences a uma realidade, ou terás alguma realidade que te pertença? Ou será a tua realidade apenas um reflexo daquilo que a minha representa? Serás apenas um reflexo meu? Mas e quem serei eu, para além daquilo que vejo em ti reflectido..? E quando este meu percurso chegar ao fim, o meu corpo ficará na terra, eu ficarei na terra. E tu, meu reflexo? Talvez seja aí que inicias a tua viagem, vivendo além deste mundo, e passe a ser eu o teu reflexo. Mas o que seria, afinal, real? O que serias tu então, para além do meu reflexo?
Tu és eu, e eu sou tu. Até que a morte nos separe.
(e para além disso)
1 comment:
A única certeza que me dava a existência daquele momento era a brisa cromática, repleta dos tons outonais, tropeçando nas fachadas dos passeios e invadindo os trechos de luz soalheiros.
Apenas pensei no pecado, na luxúria, no perigo, na traição, na perfeição, na criação desmesurada da ânsia que corrompe a irreflexão e que me apetece dissecar deixando o perdão e a clemência para traz.
Mas não, cansei-me. Cansa isto! Cansa simplesmente pensar que se pode fazer tudo aquilo, cansa acreditar.
Sigo o caminho, na verdade a verdade está...alias a verdade é o que vejo, o resto é o não vale a pena, é cansaço.
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