Estava sentada em frente ao toucador, a retocar os lábios. Tinha os olhos carregados de preto e no cabelo levava uma rosa vermelha.
- Estás pronta, Verónica?
- Sim. Onde está o Roberto?
- No camarim dele, pergunta por ti.
- Diz-lhe que vou já.
Olhou-se uma última vez ao espelho e levantou-se. Respirou fundo, esboçou um sorriso falso e saiu.
- Mas tu estás parvo Roberto? Está a casa cheia e tu andas a fumar essas merdas?!
- Estou farto disto, Verónica. Vais ver, um dia…
- Já sei, um dia vais ser um grande actor, vais actuar no Maria Vitória, vais fazer um musical com o La Féria, e tudo mais. Eu já sei, Roberto, já sei... Mas até lá vais deixar-te destas porcarias que só te destroem a vida e vamos dar a estas pessoas aquilo que elas querem, um óptimo espectáculo. Porque é isso que nós fazemos Roberto. Porque independentemente do nosso estado de espírito, as pessoas querem um bom espectáculo. E é para isso que somos pagos. E de certeza que é isso que o La Féria espera dos seus actores. Agora apaga essa porcaria e lava a cara. Daqui a três minutos entramos.
Fechou a porta e escondeu-se atrás duma cortina. Tirou um saquinho com pó do decote e inspirou-o. Hipócrita, ouviu-se dizer.
1 comment:
É estranho saber-mos, que não somos perfeitos. Parece que os outros, já não podem Amar-nos, não têm direito de Amar algo, que é pior que eles próprios.
Dá-se conselhos, que não se empregam na própria vida, é talvez afecto, mas não por nos...mas o mundo gira. O mundo de todos.
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