Wednesday, February 1, 2017

Toninho tinha pela sua irmã uma incrível admiração. Do alto dos seus seis anos, a sabedoria imensa da sua irmã era para ele como uma estrela guia que o orientava naquele mundo por descobrir. Nada tinha a temer enquanto estivesse ao lado dela, porque ela tudo sabia e de tudo era capaz: era a pessoa mais sábia e mais corajosa do planeta inteiro. Do planeta inteiro e dos outros 8 planetas, que segundo a sua irmã estavam ao pé de nós num sitio chamado cisterna solar. Ele não sabia bem o que era um planeta ou uma cisterna solar, mas imaginava que se a sua casa estava num planeta e a casa da tia Balbina estava noutro, então essa cisterna solar devia ser bem grande.

Era uma daquelas tardes de Agosto com o verão no seu esplendor máximo, o vento não soprava e o sol queimava-lhes a pele. Iam a meio da sua travessia diária para casa, quando um gato miou ao lado deles.

- Olha Pravi, olha que lindo gatinho!
- Gatinho Tótó? Mas não vês que é um cão?
- Um cão?
- É Tótó, é um cão.
- Mas tem cara de gato, e orelhas de gato, e pelo de gato e cauda de gato, Pravi.
- Pois Tótó, mas esse gato é um cão.
- Esse gato é um cão.. Olha que lindo cãozinho!

Pravina soltou uma gargalhada.
- Oh meu tótozinho, não vês que é um gato?
- É um gato, Pravi?
- Pois então, nao o ouviste tu até a miar?
- Pois ouvi. Afinal o gato que passou a cão, era mesmo gato.
- Pois é um gato, claro. Não podes acreditar em tudo irmãozinho.

E seguiram o seu caminho. O gato a miar e eles a ladrar.


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