Alfama é bairro, é aldeia, é vila, é cidade. No fundo, Alfama é capital. Não: é país. Alfama é fado, tanto musica como destino, é morte e é vida. Alfama é história e realidade, quem poderá distingui-las uma da outra? São teias de pessoas unidas pelos amores e desamores distantes que se cruzam na calçada, que espreitam pelas velhas janelas baças e que trocam pareceres debruçados nas fracas varandas verdes. Alfama é uma guitarra portuguesa dedilhada com saudade e é um saxofone brilhante tocado por algum artista de circo. É um turista perdido pelos caminhos estreitos e é um bairrista perdido por entre os copos de tinto. Alfama são os lavadoiros públicos abandonados, são estendais com roupas coloridas penduradas, são velhos a reviver memórias passadas dos seus tempos de mocidade, são crianças de bairro a jogar à macaca e a brincar com bolas feitas de papel. Alfama são ruas estreitas e ruelas largas, são brancas igrejas imponentes, miradouros e estátuas magistrais, jardins imaginados e bancos de azulejo azul nos jardins imaginados. São escadarias sem degraus, desgastados pelo tempo e pela história e são bares pequenos escondidos por baixo dessas mesmas escadarias difusas. Alfama é um grupo de amigos cantando canções de amor ao nascer do sol e é um bêbedo solitário murmurando canções fatalistas enquanto o sol se põe.
1 comment:
este texto dava um bom spot publicitário ;) agora fiquei com vontade de ir a Lisboa, não vale!
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